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Containers ou Máquinas Virtuais - Quando usar cada um?

Uma dúvida que assombra boa parte da comunidade de Tecnologia é quando usar Containers ou quando usar Máquinas Virtuais.

Para responder esta dúvida primeiramente precisamos entender bem o conceito e como funciona cada ferramenta.

Máquinas Virtuais ou Virtual Machines (VMs) são processos em que é feito a emulação virtualização de um sistema por completo dentro  de um computador, sendo ele composto dos componentes básicos como processador, disco, memória, rede dentre outros. Este tipo de abordagem  acaba tendo custo elevado em termos de recursos, uma vez que o próprio  sistema operacional instalado em uma VM irá consumir boa parte da memória RAM e disco.

UPDATE: Um amigo me corrigiu quanto a questão de emulação de um sistema completo, virtualização e emulação são de fato coisas diferentes. Fica aqui um bom artigo sobre o assunto. Emulation or Virtualization?

Container é um processo em área restrita que executa um  aplicativo e suas dependências no sistema operacional hospedeiro. Ao  contrário da VM , os recursos do sistema operacional(como o kernel) são compartilhados com os containers os quais utilizam apenas os recursos necessários para seu processo ser executado.

A aplicação dentro de um container é um único processo em execução na  máquina, permitindo ao servidor hospedeiro executar vários containers  de forma independente. Este modo de trabalho permite remover conflitos  entre dependências e simplificar a implantação de toda a instalação e  configuração de forma instantânea, comparado com o modelo tradicional de  virtualização.

Uma forma de fazer uma comparação simples entre Containers e Máquinas Virtuais é pensar que uma Máquina Virtual é como se fosse uma casa com todos seus ambientes, como por exemplo a garagem, o quarto, a sala, a cozinha, etc… e mesmo que um ambiente esteja “desocupado” o mesmo está consumindo o “espaço” que lhe é reservado. O Container por sua vez seria um apartamento, onde em um mesmo prédio(servidor) diversas pessoas tem seu ambiente(apartamento) ocupado e, teoricamente, sem interferir na vida do outro, aproveitando melhor assim o espaço utilizado.

Uma vez que para utilizar uma Máquina Virtual precisamos de emular todo o hardware da mesma, separando uma parcela de hardware (CPU+RAM+DISCO e as vezes periféricos) e instalar e parametrizar todo o sistema operacional, os Containers não necessariamente necessitam deste tipo de separação (ainda que seja possível) muito menos instalação do sistema operacional.

Como que o container funciona então?

Bem, o funcionamento de um container não é nada de outro mundo, muito menos uma tecnologia extremamente nova, trata-se basicamente da utilização de recursos já conhecidos do ambiente linux como namespaces e cgroups somados a recursos de rede como iptables dentre outros, para compartilhar o Kernel do sistema operacional, sendo apenas necessário os binários e bibliotecas da aplicação a ser rodada no container.

Vamos explicar os principais recursos.

Linux Namespaces

Linux Namespaces

Os namespaces são recursos computacionais que fornecem isolamento para os containers, limitando seu acesso a recursos do sistema e outros namespaces. Isso significa, por exemplo, que um usuário root dentro de um container é diferente de um usuário root na máquina hospedeira.

Linux Control Groups

Linux Control Groups

Os cgroups são utilizados para fazer o isolamento dos recursos físicos da máquina. Em geral os cgroups podem ser utilizados para controlar estes recursos tais como limites e reserva de CPU, limites e reservas de memória RAM, dispositivos, etc…

Então quer dizer que Container não é coisa nova?

Não, container de fato não é algo novo.

Containers se popularizaram com o Docker (por volta de 2012) que é uma ferramenta para gerenciamento de containers de maneira simples, porém hoje existem diversas outras ferramentas para isto como por exemplo o lxc, cri-o, rkt, podman, etc…

O que nos faz chegar a um ponto interessante, é possível rodar containers sem o docker ou qualquer outra ferramenta de container citada acima. Não vou ensinar como fazer este tipo de trabalho porque já existem diversos blogs com posts do tipo “ Rodando um container docker, sem o docker”, o que não é o foco deste post.

É de fato interessante subir um container sem a utilização do Docker, porém é um processo doloroso, digamos que uma pessoa com conhecimento avançado consegue subir um container na _ “unha” _ em cerca de 20 minutos, com o Docker fazemos isto em segundos. Então a minha recomendação é, a menos que você queira entender bem por baixo dos panos como tudo acontece, não gaste seu tempo com isso.

Não quer dizer que não seja interessante entender o processo bruto dos containers, apenas que na minha opnião o seu tempo pode ser melhor aproveitado.

Tá, e agora, quando uso Máquinas Virtuais e quando uso Containers?

Isso é uma discussão um tanto quanto “filosófica” e o que posso dar a você é simplesmente minha pura opnião citando os prós e contras de se rodar uma aplicação em container.

Mas antes gostaria de frisar um detalhe importante, um Container só possui sempre unicamente duas funcionalidades:

  • Executar a aplicação que foi embarcada
  • Ser destruido (morrer)

Logicamente após a morte de um container se necessário o mesmo deve ser recriado para fornecer a aplicação novamente. Trata-se de um processo comum e recorrente em uma stack de containers.

Bem, sobre as escolhas vamos pegar alguns tópicos:

Bancos de Dados

Bancos de dados necessitam de uma performance excepcional, principalmente quando o volume de dados cresce exponencialmente, minha opnião é: só utilize container para desenvolvimento

Ambientes de Desenvolvimento

Sou um grande fã de desenvolvimento em cima de containers, e acredito que isso garante a funcionalidade e igualdade entre ambientes de desenvolvimento em diversas máquinas, sempre acho válido a utilização de containers neste caso, a menos que você necessite de algum acesso especial a um hardware, ai vale estudar o nível de dificuldade para seu trabalho

Problemas aparecem quando o ambiente de suporte de software não é identico. Solomon Hykes (Criador do Docker)

Microsservices

Microsservices são nativamente criados pensando ser embarcados em containers, na minha opnião sempre é valido.

Monolitos

A questão de monolitos também abre uma discussão “filosófica”, mas para este caso eu defendo que vale ver a skill da equipe que o mantem e onde rodam as outras aplicações, se a maioria for container, porque não subir seu monolito em container?

É importante atentar-se que nem todos os monolitos vão funcionar bem em containers, o ideal é que aplicações que forem desenvolvidas “container friendly” sejam executadas em containers.

Serviços Essenciais de Infraestrutura (LDAP, DNS, DHCP)

Não recomendo que estes serviços estejam rodando em container, uma vez que são vitais para o funcionamento de uma infraestrutura e caso um container “morra” pode ser causado um prejuizo enorme.

Eu sugiro que todo o serviço essencial seja executado em máquinas virtuais ou até mesmo baremetal, isso vale para o próprio Docker em si.

Casos não citados

Sempre acho que vale a pena refletir os ganhos ou prejuizos em se colocar uma aplicação em container, o melhor passo é discutir com a sua equipe e ver se worth it (vale a pena).

Considerações Finais

Muitas pessoas acham que o container veio pra substituir máquinas virtuais, o que não é verdade. No atual momento da tecnologia (2020) nós utilizamos as máquinas virtuais para rodar os containers e os serviços essenciais, pode ser que em um futuro próximo ou não este cenário mude, afinal a tecnologia sempre vem nos surpreendendo, mas nos tempos atuais ambos andam em conjunto, cada um servindo bem ao seu propósito.

Hoje ja existem serviços como ECS / EKS da amazon onde não precisamos gerenciar os recursos físicos do container e executamos eles como “serviços” o que não quer dizer que por baixo a amazon não esteja rodando máquinas virtuais ou até mesmo containers para nos fornecer estes serviços

Espero que esta publicação possa ter esclarecido parte das duvidas com relação a Containers x Máquinas Virtuais. Ficamos por aqui com esse post e nos vemos em uma próxima.

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