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Docker 101 - Primeiros passos e muito mais!

Docker é uma plataforma Open Source escrita em Go  (Linguagem de programação em alta performance desenvolvida pela Google)  que ajuda a criação e a administração de ambientes isolados.

Um container consiste de um ambiente completo (uma aplicação e todas suas dependências, bibliotecas, binários, arquivos de configuração) em um unico pacote. Ao containerizar uma plataforma de aplicação e suas dependências as diferenças em distribuições de sistemas operacionais e camadas inferiores da infraestrutura são abstraídas.

Imagine que o container Docker é como se fosse um container real em um navio (servidor), todos os containeres estão lado a lado, porém seu conteúdo (ecossistema) não tem interferencia de outros containeres

Não iremos explicar quando utilizar Containers e a base de como um conteiner funciona, para isto recomendo que você leia o post Containers ou Máquinas Virtuais - Quando usar cada um?

Criando a Infraestrutura do nosso laboratório

Podemos utilizar o Docker instalado diretamente em nossa máquina, mas para manter o padrão dos outros laboratórios do blog, iremos utilizar um ubuntu server através do vagrant, você pode utilizar qualquer máquina virtual que quiser ou instalar  diretamente em sua máquina, basta seguir para a próxima seção caso não  queira utilizar o vagrant.

A idéia é quem passar por todos os posts ter um laboratório real de Infraestrutura como Código.

Caso você queira conhecer o vagrant sugiro que leia o post Vagrant 101 do blog. Você pode verificar todos os posts introdutórios através da tag 101

Vagrantfile para o Docker

Vamos criar um diretório para armazenar o conteúdo do Vagrantfile e popula-lo com as configurações para subir o ambiente.

Criaremos no momento apenas a máquina docker01 em um post futuro iremos subir um cluster com mais máquinas.

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$ mkdir ~/docker
$ cd ~/docker
$ vim Vagrantfile

# -*- mode: ruby -*-
# vi: set ft=ruby :

Vagrant.configure("2") do |config|

  config.vm.box_check_update = false
  config.vm.boot_timeout = 600
  config.vm.define "docker01" do |machine|
    machine.vm.box = "ubuntu/bionic64"
    machine.vm.hostname = "docker01.caiodelgado.example"
    machine.vm.network "private_network", ip: "10.10.10.20"
    machine.vm.provider "virtualbox" do |vb|
      vb.name = "docker01"
      vb.memory = "1024"
      vb.cpus = "1" 
      vb.customize ["modifyvm", :id, "--groups", "/iac"]
    end
  end
end

$ vagrant up 

Adicione a entrada do docker01 no arquivo hosts para que o acesso ao mesmo fique mais fácil.

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$ sudo sh -c "echo '10.10.10.20 docker01.caiodelgado.example' >> /etc/hosts"

Vamos acessar o servidor para instalar o Docker.

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$ cd ~/docker
$ vagrant ssh

Instalando o Docker

Existem duas maneiras de instalar o Docker

  • Script de Conveniência
  • Maneira Tradicional

Para nosso laboratório você pode escolher qualquer uma das duas maneiras.

Script de Conveniência

ATENÇÃO: A utilização do script de Conveniência não é recomendado para ambientes de produção.

A maneira mais simples de instalar docker é utilizando o script de conveniência, este script é responsável por validar sua distribuição Linux e instalar os pacotes necessários para o funcionamento do Docker

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$ sudo curl -fsSL https://get.docker.com | bash

Depois disto podemos adicionar nosso usuário ao grupo docker, isso vai garantir que possamos rodar os comandos com nosso usuário

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$ sudo gpasswd -a $USER docker

Lembre-se que isto só funcionará após a regarga das varíaveis de ambiente, para isto faça logout e login novamente.

Maneira Tradicional

Irei cobrir a instalação tradicional para o sistema Ubuntu, para outras distribuições verifique aDocumentação Oficial

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$ sudo apt update
$ sudo apt install \
    apt-transport-https \
    ca-certificates \
    curl \
    gnupg2 \
    software-properties-common \
    bash-completion \
    jq -y
$ curl -fsSL https://download.docker.com/linux/ubuntu/gpg | sudo apt-key add -
$ sudo add-apt-repository \
   "deb [arch=amd64] https://download.docker.com/linux/ubuntu \
   $(lsb_release -cs) \
   stable"
$ sudo apt update
$ sudo apt-get install docker-ce docker-ce-cli containerd.io

Depois disto podemos adicionar nosso usuário ao grupo docker, isso vai garantir que possamos rodar os comandos com nosso usuário

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$ sudo gpasswd -a $USER docker

Lembre-se que isto só funcionará após a regarga das varíaveis de ambiente, para isto faça logout e login novamente.

Bash Completion

Podemos também instalar o recurso de Bash Completion através do comando:

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$ sudo curl https://raw.githubusercontent.com/docker/machine/v0.16.0/contrib/completion/bash/docker-machine.bash -o /etc/bash_completion.d/docker-machine

O que é um Container Docker?

Um container docker é um processo em área restrita que executa um aplicativo e suas dependências no sistema operacional hospedeiro. Os recursos do sistema operacional(como o kernel) são compartilhados com os containers os quais utilizam apenas os recursos necessários para seu processo ser executado.

Container Docker

Executando nosso primeiro container Docker

Para garantir que nosso usuário tem as permissões de executar o docker, vamos sair do terminal e conectar novamente via ssh

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$ exit
$ vagrant ssh

Agora podemos testar a execução de um container através do comando docker container run --rm -it hello-world

$ docker container run --rm -it hello-world

Agora precisamos entender os parâmetros utilizados.

  • docker container run - Informa para o docker que queremos executar um container
  • --rm - Informa para o docker que queremos remover o container após ele cumprir seu papel.
  • -it ou -i -t - Informa para o docker executar o container em modo interativo -i  e com um pseudoTTY -t , com isso podemos iteragir com o terminal e ver seus logs diretos em nosso stdout e stderr
  • hello-world - Informa ao docker qual imagem de container gostariamos de executar.

Componentes do Docker

Agora que rodamos nosso primeiro container, precisamos entender alguns componentes básicos da sua arquitetura e seu funcionamento.

Ao executar o container com a imagem hello-world o Docker fez os seguintes passos:

  1. O Docker Client se comunicou com o Docker Daemon
  2. O Docker Daemon fez o download da imagem hello-world noDocker Hub
  3. O Docker Daemon criou um novo container, através da imagem que rodou o executável que produz o texto que vimos no terminal.
  4. O Docker Daemon enviou o texto diretamente para o Docker Client que enviou para nosso terminal.
Docker Components

Imagem

Uma imagem Docker é um pacote executável que inclui tudo o que é necessário para executar um aplicativo, incluindo o código, bibliotecas, variáveis de ambientes e arquivos de configuração.

As imagens do Docker possuem camadas intermediárias que aumentam a capacidade de reutilização, diminuem o uso do disco e aceleram a construção do docker, permitindo que cada etapa seja armazenada em cache. Essas camadas intermediárias não são mostradas por padrão.

Docker Image

A principal diferença entre um container e uma imagem é a camada gravável superior. Todas as gravações no container que adicionam novos dados ou modificam dados existentes são armazenados nessa camada gravável. Quando o container é excluido, a camada gravável também é excluida. A imagem subjacente permanece inalterada.

Docker Images and Containers

Um ponto interessante é que em um cenário onde temos 1 container com a imagem ubuntu:18.04 por exemplo, ocuparia 200MB ( estamos considerando este tamanho para a imagem citada) somados a quantidade de dados específicos deste container ( vamos considerar 50MB para este exemplo) totalizando 250MB. o mesmo caso com 10 containers serão utilizados os 200MB da imagem somados aos 50MB de cada container em execução, pois suas camadas readonly é compartilhada, totalizando assim 750MB no total.

O mesmo cenário em máquinas virtuais seria exponencialmente maior, uma vez que precisamos instalar todo o sistema operacional e parametrizar cada máquina individualmente.

DockerHub

O DockerHub é um repositório publico de imagens docker onde podemos escolher e utilizar as imagens para subir nossos containers.

https://hub.docker.com/_/ubuntu

Ao selecionar uma imagem temos diversas informações inclusive como fazer o download e utilizar a mesma.

Dockerfile

O Dockerfile é um arquivo de instruções para como deve ser gerada a imagem Docker, através deste arquivo podemos criar novas imagens para serem utilizadas.

Vamos criar um diretório e o arquivo Dockerfile para criar nossa primeira imagem docker.

É importante que o arquivo seja chamado Dockerfile (case sensitive) ou então não irá funcionar a imagem

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$ mkdir -p /vagrant/dockerfiles/echontainer
$ cd /vagrant/dockerfiles/echontainer
$ vim Dockerfile

FROM alpine
ENTRYPOINT ["echo"]
CMD ["--help"] 
file: /vagrant/dockerfiles/echontainer/Dockerfile

Entendendo nosso Dockerfile:

  • FROM alpine - Informa que utilizaremos a imagem alpine como base.
  • ENTRYPOINT ["echo"] - Informa que o ponto de entrada do container será o comando echo, este entrypoint é responsável por manter o container vivo, caso ele retorne algum erro o container é parado.
  • CMD ["--help"] - Informa parâmetros adicionais ao entrypoint.

Em um post futuro exploraremos mais sobre construção de imagens, por hora focaremos no básico.

Para construir a imagem podemos utilizar o comando docker image build

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$ cd /vagrant/dockerfiles/echontainer/
$ docker image build -t echontainer .
$ docker image build -t echontainer .

Entendendo o comando:

  • docker image build - Informa ao docker que queremos construir uma imagem.
  • -t - Informa o nome e a tag da imagem no formato nome:tag, no nosso caso echontainer:latest
  • . - Informa que o context de construção da imagem é o diretório atual.

Caso não seja informada a tag da imagem o docker entende que sua tag é a latest

Podemos agora listar as imagens no repositório local da nossa máquina

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$ docker image ls
$ docker image ls

Agora que temos nossa imagem echontainer podemos executar nosso container

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$ docker container run -it echontainer
$ docker container run -it echontainer

Perceba que nosso container foi executado, como resultado tivemos a execução do entrypoint do container com os parâmetros do cmd no caso executando o comando echo --help

Podemos verificar que o container foi executado e parou em sequencia através do comando docker container ls -a

O comando docker container ls lista apenas os containers ativos , o comando docker container ls -a lista também os containers não ativos.

$ docker container ls -a

Uma curiosidade é que nosso container recebeu o nome de pendantic_bohr, o nome de todos os containers que não são informados para serem criados com um nome através do parâmetro --name é gerado da forma adjetivo + _ + sobrenome de um cientista ou hackers, lista completa no repositório oficial do projeto moby

Podemos também alterar o cmd de um container diretamente na execução, passando após a declaração da imagem o parâmetro que gostariamos de utilizar, sendo assim a execução seria entrypoint+ parâmetro customizado.

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$ docker container run -it echontainer "Estou lendo o blog do Caio em https://caiodelgado.dev"
$ docker container run -it echontainer "Estou lendo o blog do Caio em https://caiodelgado.dev"

Ao listar os containers através do docker container ls -a  podemos verificar que o COMMAND do container executado foi modificado.

$ docker container ls -a

Vamos criar um novo Dockerfile para que possamos criar a imagem que utilizaremos no próximo tópico

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$ mkdir -p /vagrant/dockerfiles/lighttpd
$ cd /vagrant/dockerfiles/lighttpd
$ vim Dockerfile

FROM alpine
RUN apk add --no-cache lighttpd
RUN echo "Lighttpd Web Server is Running" > /var/www/localhost/htdocs/index.html
EXPOSE 80
CMD lighttpd -D -f /etc/lighttpd/lighttpd.conf
file: /vagrant/dockerfiles/lighttpd/Dockerfile

O parâmetro RUN faz com que seja executado um comando na criação da imagem, o parâmetro EXPOSE informa ao docker qual porta deve ser exposta ao criar um container com este Dockerfile

Lembrando que não estamos preocupados no momento com a qualidade da criação da imagem, isto ficará para um próximo post, estamos focando apenas no básico.

Vamos criar a imagem agora

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$ cd /vagrant/lighttpd/lighttpd.conf
$ docker image build -t lighttpd .
$ docker image ls

Network

O Recurso de rede é utilizado para expor a aplicação do container para a rede da máquina hospedeira.

Existem diversas funcionalidades e tipos de redes, para este tutorial iremos abordar apenas a publicação de portas do container para a máquina hospedeira. Mais informações podem ser encontradas na Documentação Oficial.

Trabalharemos com a rede do tipo host, onde é criada uma interface virtual dentro de nossa máquina e a mesma é roteada através dos recursos e regras de rede como iptables para o container.  

Docker Host Network

Assim que instalamos o docker, por padrão é criada uma interface bridge chamada de docker 0, podemos lista-la através do comando ip -c a show docker0

$ ip -c a show docker0

Note que a interface docker0 encontra-se em estado DOWN

Para expor a aplicação do container podemos utilizar o parâmetro -p ou --publish seguido da porta da máquina hospedeira e da porta aplicação do container.

Vamos executar nosso container web

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$ docker container run -d --name websrv -p 80:80 lighttpd

Entendendo os parâmetros

  • -d - Detached , faz com que executamos o container de forma “desanexada”
  • -p 80:80 - Cria uma série de regras de encaminhamento para acessar o container através da porta 80 da máquina hospedeira.

Em seguida verifique os status da interface docker0 que agora estará como UP .

$ ip -c a show docker0

Acesse agora o endereço http://docker01.caiodelgado.example em seu navegador e verifique que nosso webserver está sendo executado.

http://docker01.caiodelgado.example

Podemos também verificar via terminal através do comando curl localhost na máquina docker01 ou curl docker01.caiodelgado.example na nossa máquina local.

$ curl localhost
$ curl docker01.caiodelgado.example

Vamos agora remover os containers criados anteriormente, podemos utilizar o comando docker container ls -aq para listar apenas os containers por id e passando isto como subshell para o comando docker container rm -f podemos forçar a remoção de todos os containers que estão rodando ou parados em nossa máquina.  

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$ docker container ls -aq
$ docker container rm -f $(docker container ls -aq) 

O subshell pode ser executado através do comando $(comando) , sendo assim é executado como se fosse uma operação matemática como por exemplo 2 x (1+3) , os parênteses são resolvidos primeiramente e depois o externo, logo no nosso comando executado é como se estivessemos executando docker container rm -f <id1> <id2> <id3> .

Listing and Removing containers

Volumes

Volumes são recursos utilizados para transportar arquivos e diretórios para dentro de um container.

Existem diversas funcionalidades e tipos de volumes, iremos abordar apenas a montagem de diretórios/arquivos dentro de um container. Mais informações podem ser encontradas naDocumentação Oficial.

Vamos criar o arquivo index.html para substituirmos o index da imagem lighttpd no momento que executarmos o webserver.

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$ cd /vagrant/dockerfiles/lighttpd/

$ cat > index.html <<EOF
<meta charset="UTF-8">
<h1> Servidor Lighttpd</h1>
<p> Esta aplicação está sendo executada em um container Docker
<h2> Acesse o tutorial em https://caiodelgado.dev/posts/docker-101 </h2>
EOF

Agora que criamos nosso arquivo index.html podemos executar nosso container novamente.

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$ cd /vagrant/dockerfiles/lighttpd/
$ docker container run -d --name website -p 80:80 -v $PWD/index.html:/var/www/localhost/htdocs/index.html lighttpd

O parâmetro -v ou --volume é utilizado para os recursos de volumes, podendo ser diversos tipos de volumes, no nosso caso estamos enviando um arquivo $PWD/index.html (a váriavel $PWD significa Print Working Directory ou seja, o diretório atual ) para o caminho /var/www/localhost/htdocs/index.html no container.

Como vocês devem ter notado, os mapeamentos de máquina hospedeira para o container seguem no formado <host> + : + <container>

Agora que executamos nosso container podemos verificar pelo navegador o endereço http://docker01.caiodelgado.example ou através do terminal pelo curl como informado no tópico de Network

http://docker01.caiodelgado.example

Este post é o primeiro de uma série de posts onde utilizaremos o Docker.

Em um próximo post irei explicar como melhorar a qualidade das imagens bem como outros recursos mais avançados do Docker. Continuem acompanhando!

O código deste post encontra-se no repositório: https://github.com/caiodelgadonew/blog-docker-101

Ficamos por aqui e nos vemos em uma próxima.

This post is licensed under CC BY 4.0 by the author.